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Entrevistas com egressos da Faculdade de Música Souza Lima

Christian Viatour, aluno do oitavo semestre da Faculdade de Música Souza Lima, a pedido do diretor acadêmico desta instituição, Lupa Santiago, em novembro de 2022, realiza este trabalho de entrevista com ex-alunos da Faculdade. Apresente-se, nas linhas a seguir, uma recopilação dos depoimentos destes egressos da Faculdade Souza Lima.

Renzo Perales, Guitarra. Lima, Perú. Egresso 2015.

“Descobri o Souza Lima por volta de 2008, na época em que estudava na escola de música Master Music em Lima, Perú. Naquele tempo, Souza Lima realizou uma turnê pela América do Sul, em que enviou alguns representantes da instituição para visitar diversas escolas de música, entre elas a Master Music. Lá eu conheci os professores Lupa Santiago, Carlos Ezequiel e Antonio Mario que me incentivaram a fazer o vestibular em São Paulo.
Eu fiquei interessado na proposta dos professores por causa do convênio existente entre Souza Lima e a Berklee College of Music (Boston), em que se faz metade do curso em São Paulo e a outra metade em Boston. Eu tinha a intenção de finalizar meus estudos nos Estados Unidos, mas acabei ficando no Brasil e não me arrependo. Minha experiência durante o curso foi muito satisfatória e inspiradora.
Concluir a faculdade me deixou mais seguro e preparado para poder encarar as diferentes propostas que foram aparecendo na minha carreira musical. Além disso, Souza lima me possibilitou de criar uma boa rede de contatos profissionais ao conhecer alunos de diferentes lugares do Brasil e do mundo.
Atualmente toco em diferentes projetos musicais em São Paulo incluindo o meu autoral, RP Project. Além de dar aulas de música. Futuramente, espero poder trabalhar com mais artistas de diferentes gêneros musicais e também continuar lançando minhas músicas com meus projetos autorais.”

Rafael Caravalho. Baterista. São Luíz, Maranhão. Egresso 2017.

“Minha experiência no Souza Lima foi bem desafiadora, pois quando eu decidi vir para São Paulo com o intuito de me formar profissionalmente, eu não possuia uma base tão sólida no estudo formal da música e não sabia ler partitura. Para me preparar para o curso de graduação fiz aulas no Conservatório Souza Lima e após dois anos de curso, entrei na faculdade.
O curso de graduação no Souza Lima, para mim, foi muito desafiador, mas inesquecível. Durante aquela época tive a oportunidade de tocar ao lado de muitos músicos de alto nível e acredito que isso ajudou bastante no meu desenvolvimento como profissional.
Eu acabei escolhendo a faculdade Souza Lima porque minha experiência durante as aulas no conservatório foi muito boa, eu me dava muito bem com a instituição, também me dava muito bem com os professores e eu achava bem legal a metodologia de ensino.
Souza Lima me deixou uma boa bagagem de experiências que vou levar para a vida. Para mim valeu muito a pena porque estudei com pessoas que mudaram muito a minha forma de tocar. Além disso, posso dizer que ter Souza Lima no meu currículo tem ajudado a me destacar em entrevistas de trabalho, pois o nome da instituição tem um peso. Isso me rendeu frutos para entrar no mercado do ensino musical.
Os professores com quem tive a oportunidade de estudar foram excelentes, a metodologia de ensino sempre foi muito boa e também as práticas de banda, que são muito variadas e abordam vários gêneros musicais, me ajudaram a desenvolver muitos recursos que utilizo até hoje na minha carreira profissional.
Atualmente continuo trabalhando como baterista em diversos projetos e dou aulas, más além disso trabalho como técnico de som, que é a área em que estou me especializando agora, e também faço captação de audio no meu home-studio.”

Alvaro Wankawari. Lima, Perú. Egresso 2021.

“Eu tive uma experiência muito boa na faculdade. Aprendi muito, principalmente, com meus professores de instrumento. Para mim, uma das coisas pelas que valeu muito a pena estudar no Souza Lima, foi o contato que eu tive com professores que são referências na cena musical de São Paulo e Brasil. Esse contato diário com esses profissionais me inspirou e deixou grandes aprendizados.
O que me levou a escolher Souza Lima foi a reputação que instituição tem, os professores que possui e também a disposição por parte da faculdade para ajudar com todo tipo de trámites e burocracias necessárias para obter a minha documentação como aluno estrangeiro. Eu já tinha ganhado uma bolsa da Fundação Latin Grammy quando ainda morava em Perú e queria ir para os Estados Unidos, porém a questão burocrática das documentações me impediu de concretizar esse plano. Foi nesse momento que por indicação de muitos outros músicos acabei descobrindo e escolhendo Souza Lima para continuar meus estudos. Também o fato de São Paulo ser uma cidade cosmopolita com uma cena musical muito ativa influenciou na minha decisão.
Ao concluir o curso, apesar da pandemia que fez diminuir a atividade do mercado musical, eu tenho tido boas experiências. Durante o curso consegui fazer bons contatos que me ajudaram a entrar na cena musical paulista. Souza Lima me ajudou não só através do conhecimento entregado nas aulas, mas também pelo peso que tem o nome da instituição. Diversos contratantes ao saber que me formei em Souza Lima, me tratam de maneira diferenciada porque reconhecem o valor da instituição. Isso tanto aqui em São Paulo quanto em outras parte de latinoamérica.
Atualmente estou fazendo o curso de pós-graduação em educação musical na Faculdade Souza Lima. Depois tenho planos de ir para Espanha e fazer um mestrado. Eu tenho interesse na parte acadêmica e o ensino de música é uma coisa que eu curto bastante e algo ao que eu quero me dedicar, em especial dar aula a jovens. Além disso atuo como músico freelancer aqui em São Paulo, mas também tenho alguns projetos em mente, quero montar uma banda de música latina, específicamente de salsa, e também uma de música peruana.”

Felipe Aires, São Paulo. Egresso 2021.

A minha passagem pelo Souza Lima foi um pouco conturbada. Eu iniciei o curso e após completar um ano de estudos tive que parar por motivos pessoais. Fiquei afastado da faculdade durante alguns anos e voltei só em 2019. No ano seguinte veio a pandemia, então o restante do curso teve que acontecer de forma online, o que foi bastante difícil para todo mundo, pois professores e alunos tiveram que se adaptar. Mas apesar disso minha experiência foi muito positiva porque teve muita coisa que eu aprendi no Souza, com as que eu não teria contato se não fosse pela faculdade.
O que me levou a escolher Souza Lima para fazer a graduação foram meus professores, Daniel DAlcantara e Vitor Alcântara, com quem eu já tinha feito aulas e conhecia bem o trabalho deles. A idéia de poder continuar estudando com eles na faculdade e obter meu diploma me fez tomar a decisão final.
A faculdade me otorgou ferramentas que ajudam muito no meu dia a dia como músico profissional. Seja aplicando as diversas técnicas que aprendi, nas encomendas de arranjos que recebo ou na hora de interpretar meu instrumento. Também sinto que, ao concluir a faculdade, pude aprofundar mais no conteúdo que foi entregue durante o curso e com isto consegui desenvolver ainda mais minhas habilidades musicais. Isso me faz perceber quão importantes são as ferramentas que aprendi no Souza. Eu sinto que tudo isso me fez dar um passo a frente como instrumentista e profissional da música.
Eu pretendo ter também uma carreira acadêmica ao longo prazo, quero realizar um mestrado em um par de anos e eu acredito que ter feito o bacharelado no Souza Lima vai facilitar esse objetivo para mim. A faculdade tem um nome bem respeitado no mercado musical, então ter estudado no Souza Lima realmente otorga um prestígio que abre portas em diferentes áreas da música.
Atualmente eu trabalho como sideman de vários artistas, e como músico freelancer em todo tipo de eventos com diversas bandas. Sou integrante fixo da banda da Priscilla Alcantara e a banda Aláfia. Como arranjador recebo bastante encomenda, geralmente, para formaçoes pequenas, e também tenho recebido muita demanda de gravação.
Tenho planos de lançar meu primeiro disco ano que vem, então eu estou no processo de composição das músicas, definir os arranjos, montar a banda e fazer meu plano de negócio. As aulas no Souza Lima foram essencias para eu conseguir organizar todos os processos involvidos na veiculação dos meus projetos.”
Cesar Aranguibel. Valencia, Venezuela. Egresso 2020.

“Na época que cheguei no Brasil com a minha família, eu conheci uma das unidades do Souza Lima na cidade que eu morava, Barueri. Eu iniciei meus estudos no conservatório e assim que entrei para estudar no curso livre, me falaram da faculdade. Logo fui pesquisar o curso e gostei muito.
Foi uma ótima experiência, muitos aprendizados e oportunidades que não teria em outros lugares. O networking feito dentro da faculdade abriu muitas portas na hora que conclui o curso, e os conhecimentos que disponibilizados durante o curso me ajudaram muito para me movimentar confortavelmente no mercado musical. Souza Lima me ajudou de várias formas: Formando, informando, solidificando e incentivando meu eu musical.
Atualmente atuo no mercado como professor, músico intérprete, compositor, arranjador e produtor musical. Em um futuro espero ter mais reconhecimentos e mais experiências engrandecedoras na minha carreira profissional.”

As entrevistas foram feitas pela Gabriela de Paula – 5 semestre.

Diego Baroza @diegobaroza

1) Como foi seu envolvimento inicial com a música?

Quando decidiu intensificar a atuação e de fato profissionalizar-se?

Comecei com meus 11 anos por influência do meu irmão mais velho. Toda minha iniciação musical foi tocando na igreja. Quando eu estava no período do ensino médio, eu já estava lecionando aulas de guitarra e estava decido a seguir na música. Sempre on sonho de estudar no Souza Lima e nisso tive a oportunidade de prestar uma prova de bolsa de estudos no Souza. Acabei passando e ganhando um bolsa de estudos. Acabei me mudando pra São Paulo pra estudar no Souza Lima em 2.005.

2) Quais áreas atua diretamente como músico profissional?

Sou produtor musical, tenho meu estúdio em Campo Grande/MS, o NASH STUDIO. Dentro da área de gravação, participo de diversos DVDs, boa parte deles no meio pop e sertanejo. Sou guitarrista e produtor musical da dupla Jads & Jadson há 14 anos. Também produzo conteúdos pra web relacionado a timbres de guitarra e tenho dois álbuns solos instrumentais lançados.

3) Qual ação o futuro músico precisa possuir para gerenciar sua carreira?

Acredito que a versatilidade musical e a habilidade em diferentes áreas da música ajudam bastante. O músico precisa estar conectado e mostrar sua arte pro mundo. Então acredito que essa relação músico X internet tem que cada vez mais se misturar. Quanto mais cedo o músico fizer isso, mais natural isso será na sua carreira.

4) Que outras habilidades fora a musical você acredita ser essencial para ter uma carreira consolidada e próspera? Fale sobre cada uma delas.

Um bom conhecimento de Music Business e Marketing Digital. Acredito que um conhecimento básico já é um bom começo. Eu mesmo de uns 10 anos pra cá resolvi estudar audiovisual, para melhorar meus conteúdos de fotos e vídeos. Isso deu um UP muito legal nos meus conteúdos, e ter essa habilidade me ajuda a produzir mais e economizar pra investir em outras áreas. Para os músicos que não querem ou não se sentem aptos pra isso, aconselho terem uma segunda pessoa pra cuidar disso em sua carreira.

5) Durante a faculdade se escolhe entre performance e composição, como foi feita essa escolha e como se da atuação no mercado de trabalho para a sua escolha?

Na realidade uma parcela desses músicos que começam uma faculdade não sabem exatamente o que querem. A faculdade se torna um poço de autoconhecimento. Essa caminhada é essencial pra gente se conhecer e entender o que queremos da música. Digo isso tanto em relação da música na forma romântica de ser. Todos nos chegamos sonhadores no primeiro ano de faculdade. Depois descobrimos que precisamos achar o caminho desse romantismo se transformar em sustento financeiro. Então essa escolha tem que ser ao mesmo tempo emocional, para que o músico tenha uma satisfação pessoal, e também comercial para que esse sonho se sustente e gere um retorno financeiro.

6) Que conselho daria a si mesmo quando começou a entrar no mercado de trabalho?

“Se relacione mais com as pessoas e crie mais conexões”.

Tico Fahur @ticofahur

1) Comecei a tocar bem novinho, com 12 anos por influência da minha mãe. Entrei na aula de violão, depois guitarra. Mais tarde decidi que queria estudar música de maneira séria e acabei vindo para São Paulo, onde moro até hoje, e entrei no Souza Lima.

2) Trabalho hoje como professor, instrumentista e compositor. Tenho um trio de música instrumental que se chama Tribos Trio, onde tocamos composições próprias. Atuo também de forma bem intensa com um trabalho educacional na internet com cursos online e produção de conteúdo.

3) Acho que as ações dependem muito de pessoa para pessoa e dos objetivos. Acredito que pensar a música como um ”negócio” mesmo é importantíssimo. Ter em mente que em algum momento você vai precisar ”se vender” e que ”está tudo bem com isso” haha… Seja vendendo a sua aula, o seu show, as suas músicas, o seu curso, enfim.

4) Para mim foi a habilidade de conseguir desenvolver um trabalho online. Isso definitivamente me abriu muitas portas e me fez crescer. Dentro disso acho importante falar sobre o conhecimento que mencionei acima de tratar a música como um ”negócio”, a importância de entender sobre marketing, e a parte de comunicação também.

5) Eu escolhi performance porque na época o meu foco mais era me desenvolver como instrumentista mesmo. Talvez hoje eu faria diferente… haha, não sei! Acredito que a escolha em performance me ajudou em muitos âmbitos na questão de desenvolver e aprofundar a habilidade e o conhecimento com o instrumento. Tocar bem é obrigatório para qualquer pessoa que queira trabalhar e viver com música. Dessa forma, todo aprendizado e vivência que tive na Faculdade Souza Lima foram importantíssimos para o meu desenvolvimento como músico, instrumentista, mas também é claro, como pessoa.

6) Isso vai soar meio clichê, mas aqui vai (kkk): Pare de se achar menos do que os outros. Acredite no que você acredita. Vai fundo que vai dar bom. Tenha paciência. Seja menos teimoso.

Vanessa Moreno @vanessamorenooficial

1. Meu envolvimento inicial com a música de um jeito mais formal e consciente foi com 15 anos, quando eu comecei a fazer aula de música, por meio do rock, […] o violão foi meu primeiro instrumento e me levou a estudar música. A voz veio depois com o objetivo de acompanhar o que eu estava tocando. Não foi exatamente uma decisão me profissionalizar musicalmente, mas com 16 anos eu estava dando aula de música (atuo como professora também), então a partir do momento que comecei a tocar, dar aulas, pagar minhas contas com isso (minha fonte de renda se tornou e sempre foi a música), comecei a me profissionalizar, entender a música como a minha profissão.

2. Toquei durante muitos anos em barzinhos, casamentos, hotéis, fiz muitas gravações, já gravei jingles… Hoje em dia eu atuo principalmente com os meus shows solo, acabo viajando bastante fazendo como cantora solo, mas em diversas formações, sozinha, quarteto, duo…

3. Disciplina, consciência de tudo que envolve profissionalizar-se como músico(a), entendendo um pouco de cada coisa da produção, a parte pré-palco e conseguir também minimamente, mesmo que seja de forma não tão intensa e não tanto quanto gostaria, entender um pouco sobre cada passo que você gostaria de dar mesmo que isso vá se concretizando aos poucos, entendendo por quais caminhos você gostaria de trilhar, construindo os tijolinhos necessários para cada um desses objetivos. Se não souber ainda, procure conversar com outras pessoas, eu por exemplo, não sabia desde o começo, as coisas foram se desenhando. Conversar com as pessoas, entender os processos e os caminhos de cada uma delas, vai fazer com que trilhar o seus [caminhos] seja tranquilo no sentido de visualizar o que se quer visualizar, saber por onde se está indo etc.
Tudo isso inclusive a parte de dominar o seu instrumento/ter a parte musical bem fluída, para que, dentro do que você quer, do que você espera corresponder, dentro do seu instrumento de forma clara ao que toda situação vai pedir.

4. Acho que essas outras habilidades são muito pessoais e individuais porque cada um tem um jeito de gerenciar, de sentir as coisas, de fluir pelos caminhos. Eu acho ter a organização, fazer o próprio roteiro para não se perder dentro dos objetivos é muito importante. A parte de produção, pré-produção depende do que você que fazer, então se “eu quero construir uma carreira como músico/cantor solo” o que é legal para isso? Acho que de qualquer forma todas as experiências dentro da música te levam a ter mais consistência do que você escolhe fazer, então se você pensa “ah, quero ser um artista solo” depois de passar por todas as experiencia ou “não passei pelas experiências ainda, mas quero logo consolidar minha carreira. O que eu preciso? Quero gravar um disco? O que eu preciso para gravar um disco?” quanto mais coisas a gente puder entender dos processos que queremos passar melhor.
Fora o musical, tudo o que amplie habilidades de escuta e diálogo para mim são muito importantes porque, na música, dentro na parte diretamente musical e também antes da parte do palco não-diretamente musical, a gente lida com a escuta, a conversa, entendimento, então tudo que me leva a arte como pintura, desenho, dança, expressões no geral… Eu gosto muito de investir nessas outras habilidades que fazem muito sentido para mim para desenvolver as outras [habilidades] musicais.

5. Entrei na faculdade já com 24 anos, então já entrei com o objetivo de estudar improvisação e jazz… com o objetivo de performance, então não foi uma escolha que se deu no processo [da faculdade]. Composição sempre gostei e, de alguma forma, dentro de performance ali já tinham algumas matérias que sinalizavam esse mergulho um pouco maior na composição, eu gostava muito do que tinha sobre isso. Mas eu já sabia que eu queria performance, queria cantar, queria exercitar maior parte do meu tempo com isso, então se deu antes essa escolha para mim.

6. Eu acho que como, como eu falei, eu entrei já muito nova, de uma forma não-consciente e, quando eu fui tomando consciência, fui tentando entender o que eu queria nesse caminho. Acho que é uma busca eterna, não que a gente saiba tudo o quer, pelo menos comigo não é assim… cada um fala de cada um. Comigo essa construção também continua se dando e acho que vai se dar com essa consciência vindo aos poucos. O conselho que eu daria é ficar sempre atenta aos processos, querer aproveitar mais os processos do que os pontos de chegada porque eles que vão ensinar a gente sobre os objetivos, sobre a vida. No final das contas é mais sobre os processos do que o ponto de chegada, esse é o conselho que eu daria.

Jorginho Neto @jorginhonetobone

1. O meu primeiro contato com a música foi com 13 anos de idade tocando na banda marcial da Igreja. Decidi intensificar quando eu tinha 18 anos, eu entrei na EMESP antiga ULM estudando trombone popular com professor Walter Azevedo.

2. Eu tenho o meu trabalho solo como artista: Jorginho Neto quinteto, atualmente sou integrante da Soundscape Big Band, Retete, Orquestra Jazz Sinfônica, e como convidado Banda Mantiqueira.
Tocou com grandes músicos Nailor Proveta, Ivan Lins, João Bosco e Gilberto Gil.
Está com Projeto novo chamado Jorginho Neto Collective Big Band, a idéia é tocar em bairros da Periferia, com intuito de levar a música instrumental com a formação de Big Band.

3. A carreira musical tem bastante oportunidades, especialmente em São Paulo. O melhor caminho para quem está começando a estudar é criar uma base.
por exemplo, estudar na Emesp ou faculdade.
Estudar harmonia, arranjo fazer prática de conjunto, é muito importante ter isso, ter toda essa experiência para que você não fique perdido porque o mercado de trabalho exige essas habilidades (escrever arranjo, repertório etc).
Mas não basta isso, você precisa focar no que você vai fazer na sua carreira. Já quando está começando é importante pensar nos seus trabalhos: gravar um disco (ou um single), divulgar com vídeos, quando for lançar esses projetos contratar uma assessoria de imprensa para levar seu projeto para a jornais pra que todos possam ter acesso.
Fazer parte de algum projeto também é importante para ganhar experiencia.
Por exemplo no caso dos cantores, cantar com outros músicos, ir para o mercado de trabalho.
Tenho meu trabalho solo, mas nesse período sempre trabalhei com outros artistas sendo sideman, e com esse dinheiro investi na minha carreira.
é importante fazer trabalhos com outros artistas, participar em geral, tocar em bares de jazz, eventos é uma escola para você.
[para resumir] Tenha seu próprio projeto, grave suas músicas, use a internet, tenha uma assessoria de imprensa, faça outros projetos ao mesmo tempo, pegue esse dinheiro e invista na sua carreira. SEMPRE invista na sua carreira.

4. Você é obrigado a ter outras experiencias, Eu sou produtor musical, e executiva, sempre investindo nos projetos.
Durante a pandemia por exemplo, aprendi a editar vídeos e editei meus vídeos no youtube.
É importante aprender a gravar, usar o logic… Saber sobre marketing (faz muita diferença porque tudo está na internet) e saber sobre tráfego para as coisas que você vai lançar online, para saber para quais pessoas a internet vai mandar e ter mais visualizações: isso vai abrir algumas portas.
Fora você for ser uma pessoa talentosa…

5. Minha história é diferente de alguns; eu cheguei na faculdade com 35 anos, já trabalhando e escolhi composição por ser o que eu queria fazer mesmo. Foi muito importante pra mim porque aprendi muitas coisas, técnicas, estudei outros compositores…
Com todas as composições que fiz desse período da faculdade gravei um disco: terminei o ano e fui para o studio gravar. Inclusive uma das músicas desse disco se chama “bro” a partir da composição atonal de uma das aulas, “inclusão” que também foi do sistema Sistema Tritonico, que o coltrane usou, outra compus a partir do dodecafonismo.
Com a composição você pode fazer trilhas, arranjos, publicidade, trabalhar com big bands, composições paras outros artistas…

6. Eu acho que fiz um caminho correto quando entrei no mercado, tive iniciativa, conheci pessoas, fui fazendo contatos, mas também fui estudar e de lá tive a oportunidade de entrar na Orquestra Tom Jobim dessa Orquestra surgiram outras oportunidades. Mesmo com as situações que não são legais se aprende muito.

Henrique Valerio @henriquevalerio_

1. O meu primeiro contato foi um pouco tarde com 15 anos tocando violão, não tenho ninguém na minha família que é músico, não tinha esse acesso e esse acesso veio através da Igreja. De uma maneira geral, músico de Igreja começa tocando esporadicamente, não tendo aula e comecei tocando em casa mesmo. Eu não tinha tanto apoio dos meus pais na época – isso foi uma questão muito importante pra mim porque mexeu muito comigo, poderia ter mexido do lado negativo, mas foi para o lado positivo porque aquilo me fez enxergar que eu queria aquilo.
Esse primeiro contato se deu por eu começar a ver não só a questão músico de Igreja, mas também grandes festivais na televisão e isso acendeu o desejo de tocar algum instrumento. Foi quando eu comecei esse processo tocando violão basicamente na escola, aquela coisa de você tocar com a galera, colegial… Só que eu fui começando a estudar algumas coisas, intuitivamente, não sabia exatamente o que eu estava fazendo porque eu não tinha teoria, não tinha aula de violão e foi a receita para eu ir aprendendo algumas coisas como percepção, tirar música de ouvido, aprender alguns acordes, harmonia etc indiretamente e não tinha tanta informação na internet.
Eu decidi intensificar esse estudo foi quando eu comecei a trabalhar tocando na Igreja, era uma Igreja pequena e comecei a sentir a necessidade de estudar porque aquilo me exigia.
como eu tocava em casa tocava a hora você estuda a hora que quer e o que você quer, comecei a sentir a necessidade de estudar, mas não era uma fase tao legal e não consegui ter aula no geral por vários meses por causa de investimento porque na época era muito cara.
parei, continuei estudando sozinho, foi quando em 2013 me acendeu o desejo muito grande, eu me mudei e fui para outro lugar, o lugar que me deu o start, que foi a sede da Igreja da Graça a rede Tv, como lá é uma emissora de tv, uma Igreja etc, tem várias bandas, então de maneira geral é um ambiente profissional e ao mesmo tempo não é, então te exige uma outra classificação, tendo bandas principais e bandas secundarias que tocam em escalas menores. Então aquilo ali era um ambiente totalmente profissional que ia exigir de mim, então automaticamente quando eu quis migrar para a guitarra, falei “aqui eu não posso simplesmente do jeito que tá, tenho que estudar” foi quando, em setembro, comecei a me dedicar, fiz a pesquisa e encontrei o Souza Lima “se eu quero realmente seguir isso, preciso me profissionalizar, preciso fazer acontecer” porque como eu não tinha o apoio dos meus pais, para eles entenderem que não é tocar por hobbie
mas eu não tinha conhecimento básico, precisei fazer dois anos de curso livre no conservatório, esse foi o meu primeiro passo para começar a me profissionalizar em janeiro de 2014

2. A área que mais atuo foi a área que me formei: performance. Comecei, nos dois primeiros anos na música, a cair de cabeça e ter meu primeiro contato com o ambiente profissional na Igreja da Graça quando fui contratado para receber um salário trabalhando, fazendo agenda com cantores… E a partir de lá (por ter televisão), tive conexões com outras emissoras como bandeirantes. Então o meu primeiro contato com o ambiente profissional foi através da rede de televisão no geral. E a área que atuo diretamente é performance: atuo como sideman com vários cantores (muito mais no meio gospel que no meio secular), gravações de estúdio também diariamente, gravando “n” estilos, e coisas secundárias de maneira geral como aulas presenciais e online e esporadicamente gravação de jingles.

3. Tendo acesso a grandes músicos que estão no cenário nacional que trabalham e que tem uma boa fama e receita, entendi como ter um bom trabalho e como gerenciar a carreira.
Eu tenho 3 pilares:
Primeiro ponto: network, é o fator mais importante para você mostrar o seu trabalho e fazer com que as pessoas te vejam, e notem o seu trabalho. Não necessariamente você precisa frequentar o JazzB, o Miles ou N lugares de São Paulo para tocar, mas estar presente em pessoa para criar conexões, para criar esse relacionamento com as pessoas.
Segundo ponto: trabalho de qualidade no sentido de não só pensar naquilo que você faz, no quanto você sabe de música, mas o quanto você mexe com a estética do mercado. Acho que hoje em dia a galera não compra ou não consome algo pela qualidade musical, mas sim pelo que visualizam, pelo que a sua figura simboliza para elas. Isso não tem nada a ver com marketing nem com relacionamento, mas como você se porta diante do mercado e isso é muito real: conheço pessoas que tem um curso de guitarra maravilhoso super completo e conheço pessoas que explicam quase nada e vendem milhões. Eu falo de um cara que é muito importante pra mim que cresci ouvindo e me fez tocar guitarra: o Cacau Santos guitarrista. Tenho honra de tocar com ele na banda Renascer Praise e ele é um cara que tem essa figura muito forte, o som dele, o que ele faz é muito característico e, mediante o mercado, essas pessoas sabem migrar muito bem nessas áreas então automaticamente uma guitarra signature, um pedal, qualquer produto com a cara/marca dessa pessoa física vai vender muito. A pessoa precisa saber se posicionar não só em qualidade, em gourmetizar a música, mas saber vincular isso pra uma forma de venda para as pessoas porque hoje todos estão ligados com a internet. Acredito que por isso vemos pessoas muito qualificadas não chegando no topo e muitas pessoas menos qualificadas, mas que entenderam essa receita chegando em lugares tão extremos, conseguindo conquistar patamares e pódios cada vez maiores.
Terceiro ponto , mas não menos importante, mas o estudo e a pesquisa de campo porque eu acho que o que faz o músico ser relevante é a pesquisa diária. A pesquisa de campo não traz só uma transcrição, mas a experiência, por exemplo: transcrever um solo do George Benson não vai me trazer a linguagem dele, mas vai me trazer a experiência de entender como ele pensa daquele quesito, acho que quando a gente entende a questão de uma maneira geral aonde esta as principais ferramentas não está sem simplesmente copiar o estilo, esta em entender como cada pessoa pensa em cada caso. Entao essa pesquisa de campo “o que é um bom som de guitarra?” o que é uma boa afinação pra quem é cantor? O que fazer para ter uma boa afinação? Quais tecnicas usar?” essa pesquisa de campo que muitas vezes não vai ter na faculdade, não vai ter tempo de ser essa pessoa, voce vai ter que fazer isso no pós faculdade de maneira geral e isso vai gerar essa automaticamente, essa gestao de carreira de uma forma um pouco mais profissional na minha opiniao.

4. Ter uma boa relação com os direitos conexos, pessoas não só enriqueceram, mas fizeram uma excelente carreira por traz da cena ganhando direito conexo. Você ter seu nome cadastrado em alguma empresa como a ABRAMUS faz você estar sempre por dentro daquilo que você tem direito ou não.
como Eu lido com isso diretamente, gravo disco, acabei de gravar um trabalho para um músico da som livre e isso gera uma receita para você de direito conexo, seu nome está lá… eles te dão uma tabela da abramus para você poder preencher com os seus dados para você poder mandar.
Não é só você se profissionalizar tocando o instrumento, é toda uma gestão de carreira, então para mim habilidades fora música que podem ser essenciais para isso, na minha opinião.
Em 1 lugar entender como funciona o marketing digital, hoje em dia o músico precisa entender como funciona isso. Qual a ferramenta da plataforma?
O boom do meu instagram foi quando um colega de trabalho disse “A galera tá cansada de coisa supertificial. Pegar um vídeo, editar, luz pra caramba, dublagem porque já foi gravado… A galera quer participar da sua realidade, quer saber como é um bastidor de uma gravação, a realidade, a espontaneidade de um conteúdo” e então comecei a gravar os lugares que eu toco, tendo um bom audio ou não e eu vejo se consigo aproveitar ou não. O meu terceiro vídeo começou a me dar projeção de uma maneira geral e tem quase meio milhao de visualizações no instagram. Vendo isso, na minha opiniao, é uma questão não de você fazer ou não fazer, às vezes as pessoas já estão fazendo, mas não conseguem replicar isso para o marketing digital de uma maneira geral,
entao o cara tem informação, um mestrado nas costas, mas ele não consegue vender digitalmente falando, ele não consegue alcançar as pessoas de uma maneira geral. Entao pra você falar com o públicos,
você vai vender um curso, a quantidade massiva da galera que vai comprar o seu curso é aquele que não vai nem abrir. A pessoa vai olhar e pensar “eu preciso desse curso”, vai comprar e muitas vezes não vai nem abrir ou vai abrir e assistir uma ou duas aulas no máximo porque ela precisava entender o que estava dentro daquele conteúdo, só isso. Então o gesto de saber se posicionar em questão de fala e comunicação com o público gera essa receita.
As pessoas falavam “você fica gravando, falando com a galera…”, “ah, o blogueirinho” na época da faculdade, mas e dai que eu tenho 3.000 seguidores? Eu já enxergava de uma outra forma porque eu via muitos caras fazendo isso e pensava “esse cara tem um relacionamento com a galera, não simplesmente para meter uma de famoso, mas porque eles querem reter esse público porque tem um produto para vender, ele tem uma imagem e existe uma sacada dentro disso.
Hoje a maioria que falavam de mim fazem isso porque tem um produto, tocam com alguma banda ou vivem de aulas e precisam dar a cara para poder manter. Muitas vezes não é pela musicalidade, mas por se conectarem com a pessoa.
Essas habilidades se resumem em saber trabalhar o marketing digital e saber ser um bom gestor financeiro, acho que vale a pena aprender a mexer com investimento e aplicação.
A música não é só tocar, arranjar, compor, mas também expor-se a um outro ambiente para agregar na sua careira, a pessoa que pensa assim vai ter um bom êxito de modo geral.

5. Para mim não foi difícil escolher porque eu vivo como sideman tocando o tempo inteiro com mais de 5 artistas ao mesmo tempo, conciliando agenda, gravando em Studio para eles e para outras pessoas então é performance na cara. Acho que você tem que ir pela sua área de atuação. Eu faria composição e arranjo hoje porque tem a ver também, mas naquela loucura da faculdade que não tem como a gente pensar muito… e teria aulas que eu não aproveitaria porque eu não me interessava como trilha sonora, não é uma aula que eu me instigaria e eu não faria um trabalho feliz na faculdade. Eu acredito que você precisa realmente comprar a ideia daquilo que você acredita, são coisas que hoje faz muito sentido o curso que eu fiz [performance]. Eu acho que tem matérias que sim valem a pena, mas tem pós, mestrado ou afins que você pode se especializar em um outro assunto, ou seja, não se prenda só a graduação, existem campos para se poder trabalhar essa outra área.
Eu escolhi pelo nome, sendo sincero, pelo quanto a galera da classe escolheu composição e arranjo. Eu me senti pressionado, pensei “nossa, performance é meio simples demais para uma formação”, mas no meio vi que não era isso [composição e arranjo] e troquei para performance.
Sobre o mercado de trabalho você precisa saber para onde direcionar a sua graduação, no meu caso nenhum das coisas da faculdade de uma maneira eficiente é uma aplicação direta pra mim pelos estilos que eu toco, mas são coisas que vão me manter em dia para poder ter uma boa técnica, um bom estudo, bom repertorio, boa improvisação, ter boas ferramentas. Acho que o músico precisa ter uma boa percepção em relação a isso, pois nunca se usa tudo que se sabe, que você aprendeu dentro de um estilo, são ferramentas que você tem que ter para saber usar em horas que vocÊ tiver a oportunidade.

6. Comece mais cedo, se insira no mercado mais cedo, pesquise sobre essas coisas [mercado de trabalho] mais cedo. Se eu tivesse essa oportunidade de me dar um conselho lá para 2013, eu iria ouvir as pessoas tocarem, me aproximar da galera, criar mais conexões, tocar mais e teria começado mais cedo os estudos.
É isso que fazem lá fora, o cara com 10 anos já está tocando o instrumento dele e aos 18, quando sai do high school, já está tocando profissionalmente e no meu caso eu estava começando a estudar.
O segundo conselho seria saber se relacionar porque é uma das coisas que mais abre porta para você é a sua gentileza e ser uma pessoa agradável. Vejo muitas pessoas caírem de trabalho por causa de relacionamento: o cara é um grande profissional, mas chega atrasado, não tira repertório, não é bom de clima, não é bom de banda, não é bom de grupo. Eu toco com uma banda que viaja sempre e com você viaja com pessoas que não são agradáveis de se conviver? Isso para mim é uma das coisas mais importantes: convivência, network e saber se relacionar.